Frio e Quente

"Sei as tuas obras, que não és nem frio nem quente; oxalá que tu fosses ou frio ou quente."

Apo 3; 15

A Verdade é tão dura. Quem me dera ser fria ou quente, e passar por uma vez que fosse da existência morna...daquele "às vezes por bem, outras vezes porque me dá jeito, outras porque até nem custa e outras vezes porque não".
Na última reunião, depois de a Ausenda falar, saí da igreja e fui para casa sozinha a pensar naquilo. Não pela primeira vez, que até é o que custa mais... É difícil ser-se cristão hoje, permanecer, é difícil tentar chegar às pessoas por palavras e acções e não conseguir, nem mesmo às que estão mais próximas de nós, aliás, ainda mais dificilmente, porque temos medo de estar a confundir as coisas e de estar a transpôr barreiras e limites que não se deviam transpôr...
Fui à missa, no domingo, as sete, e o cântico de comunhão dizia (penso que falava sobre a fé): "Trazemos este tesouro em vasos de barro..." (é tão estúpido, mas esta frase, assim escrita, não consegue transmitir o mesmo que a cantada, essa faz-nos chorar por dentro, porque somos tão inacabados, é tão verdade!)
Trazemos algo tão precioso como Ele em vasos de barro, em pedaços de existência frágeis...quão provável é a possibilidade de um destes vasos se partir? De se escaqueirar no meio do chão?
Não consigo virar-m para alguém e dizer "Vou crer em Deus e permanecer Nele para sempre." e isso dói tanto. Faz-me sentir inteiramente de barro, ou morna, muito muito morna. Mas sei que O amo e que com Ele nunca me sinto sozinha. Espero nunca O deixar só de mim, se é que isto se pode dizer.